Cabaré Tropical
Jorge Simas / Paulo César Feital
Eu danço no “Salão Continental”
Sou “dama" de um bordel tupiniquim
Meu nome é Vera Cruz do Bananal
Meu gigolô se chama Mr. Jim
Mesmo assim, sou feliz
Vive em mim, um país
Pois eu amo no fundo em segredo
Um gigante sem medo
Que vive em degredo
Nos sambas enredos
O mais lindo negro
Que dorme comigo
No seu berço sobre o mar
E a noite ele chega tropical
Me olha com seus olhos marginais
Me tira para um tango nacional
Sambar, tá perigoso até demais
Entra em mim, meu país
Goza, enfim, tão feliz
E me diz no ouvido em segredo
Pra eu não ter medo
Mais tarde ou mais cedo
Os sambas enredos
Abolem degredos
E o gigante negro
Me engravida sobre o mar
De manhã, volto assim
Com a parte do michê de Mr. Jim
Mal sabe que jamais fiz “trotoir"
E que o dinheiro que recebe
Meu gigante há de cobrar
Canalha, sai do quarto o branco azedo
E eu me torno, quando deito
Pátria amada a trabalhar
A gerar, fabricando
No meu ventre um rebento gentil
De manhã dou a luz a um brasileiro
Grito, sou, pro mundo inteiro
Mãe dos filhos do Brasil!!!
E assim eu vou parindo essa nação
E a noite eu bailo à luz dos cabarés
Eu geralmente gero algum João
De quando em vez, Garrinchas e Pelés
Pra driblar, Mr. Jim
Pra alegrar meus pais
Pra encantar e deixar de arremedos
E o gigante negro
Cantar seus segredos
Nos sambas enredos
E o tal branco azedo
Mandar pro degredo
Nos rochedos de além mar.
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