Empório Brasileiro (Gisa Nogueira e Paulo Cesar Feital )
Meu corpo serve à alma assim,
como um garson chinfrim, boemio e marginal
O espirito que habita em mim tornou-me um botequim
um emporio emocional, no estoque um arlequim
Lagrimas de um carnaval,
Miltons, um Tim, um Tom Jobim, um Bide e um Marçal
Um roseiral forra o jardim, o jardineiro, enfim é Mestre Dorival
tem uma só de Pizindim
que Orlando deu pra mim
Formosa e Imortal
O espelho de João na nogueira do quintal
reflete a dor da poesia de João Cabral
Morte e Vida, Severinas, Ritas de Vila Mimosa, de Vila Vintem
É rainha a Colombina
E o Pierrot cacete, nao come ninguém
Chão de estrelas, tem também
Um pedacinho do céu
Carlinhos de Jesus dançando um samba de Ismael
Na prateleira tem Vadico, um samba tão bonito dele e de Noel,
Choros e Valsas de Orlandino,
João Pernambuco, Meira e Raphael
O fole de Gonzagão, Canhoto e Radamés,
fole de Gonzagão, Canhoto e Radames
O Manuel da Conceicao com o Abismo sob os pés
Tem Cecilia, tem Drumond, Quintana, Manuel Bandeira, versos de Morais
Tem Procopio, Bibi Ferreira, ja é alvorada
E eu só quero paz
Ah, meu corpo tão chinfrim,
desça à porta do covil:
É hora de fechar o emporio da alma do Brasil